quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A Inocência do Prazer
Cazuza

Já passou, fomos perdoados
Por todos os deuses do amor
Acabou, podemos ser claros
Como era antes, seja lá como for
Alguém tentou desesperadamente
Sentir algo decente
Sou feliz, pois já fui julgada
Daqui pra frente, tudo é meu
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente
Vento novo, flores e cores
Fim do verão tropical
Novos ares, novos amores
Tudo volta ao seu estado normal
Sou feliz e trago as provas
Nos meus olhos molhados
E vejo a vida tão diferente
Eu já posso entender
A inocência do prazer
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente
Já que é pra ir de música, eis aí a minha eleita...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Roda-viva (Chico Buarque)

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Shhh...




shhh...(Foto por Rui Lebreiro)

Transylvania


Zingarina está grávida de dois meses e parte da França à Transilvânia (região romena) de carro com sua amiga Marie. Para ela, seu namorado foi exilado do país e o reencontro pode lhe trazer esperanças de constituir família. Enquanto busca “l’amour”, Zingarina descobre a embriaguez das danças e das festas regionais, a misteriosa vida cigana e se depara com algo que mudará seus planos, colocando novos elementos, personagens, dores e alegrias em sua trajetória.

É um filme europeu. Francês. Falado em romeno, italiano, francês e inglês, entre outros idiomas e dialetos, não precisa de muita história. Com poucas palavras se pode entender o que se passa. Há muitos símbolos, olhares, música e desespero. A cena no bosque pode muito bem ilustrar a reação de qualquer um quando perde algo de muito valor para si. É comovente para alguns, chato para outros, mas todo o filme é visceral, espasmódico, angustiante, intercalando estes momentos com a quietude da solidão, o mistério dos desertos e regiões daquele leste europeu que parece ter parado no tempo quando tudo ainda era feito à mão, quando havia bruxas e sacerdotes nos vilarejos e a rotina de cortar lenha em meio a um deserto de neve não era desesperadora ou tediosa. Apenas era.

Desespero e sofrimento se juntam aos acontecimentos ao redor e Zingarina ganha uma nova vida. Um imprevisível fim é revelado aos poucos, entrecortado por cenas que mostram a realidade e cenas de expectativa, sonho ou imaginação das personagens.


Ficha Técnica:

País de Origem: França
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 103 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Estréia no Brasil: 01/06/2007
Direção: Tony Gatlif


Em cartaz no Espaço Unibanco Dragão do Mar
Sala 1, às 17h30 e 21h30

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Guerreiros

De tanto lutar, arquejava o corpo pra frente e respirava com dificuldade. As feridas eram muitas, a armadura já quase não existia. A cabeça pesava, todo o corpo estava dolorido e estava quase desmaiando... Quando começou a cair, sentiu como se algo macio a estivesse amparando. Sua queda se tornou mais lenta, mas menos pesada. O mundo escureceu.
Quando abriu os olhos, lentamente, viu um ser que parecia ser confiável. Ele lhe sorriu e olhou como quem dizia "agora você ficará bem" e ela não sentia forças pra falar nada, apenas ficou observando. Com o passar do tempo e dos cuidados prestados por ele, suas forças voltaram e ela percebeu que suas feridas estavam quase que completamente cicatrizadas. O estranho não era mais estranho, era um amigo, muito mais que um curandeiro. Era alguém que a tinha ajudado pelo gosto de ajudar. E quando as palavras voltaram a sair de sua boca ela disse "obrigada" e "meu amigo". Finalmente conseguiu ficar em pé sozinha. Mas ainda tinha feridas pelo corpo. Olhou para o lado e não se viu só. Ele estava lá, como sempre. E ele estendeu a mão não como um amigo mas como um alguém enamorado. E ela percebeu que quando respirava fundo era nos olhos dele que ela pensava. Lentamente os corpos foram se aproximando e o beijo aconteceu tão carinhosamente que parecia que eles já estavam juntos a vida toda.
Ao abraçá-lo ela notou que ele também possuía alguns ferimentos de batalhas, muito semelhantes as suas... E percebeu que ela deveria cuidar dele não como pagamento ou agradecimento, mas porque encontrara alguém que entendia o que ela vivera e vivera o mesmo a seu modo e seu tempo. Depois do primeiro beijo veio a vontade de caminhar com ele ao lado. E ela tem cuidado dele e ele dela desde então. E as lutas? Bem, as lutas continuam mas um ajuda o outro e tudo parece tão mais fácil, tão mais simples... Juntos eles são fortes, guerreiros, invencíveis. Porque o amor que os fortalece se revigora cada vez que eles se olham e se conquistam.
Postado por Morgana mas muito bem escrito por Valquíria.